João Gonsalves

“És do tamanho do mundo.
Ou melhor, és do tamanho
da tua perceção do mundo.

No rasto da memória,
aflito, tento resgatar as páginas do outrora
num ofegante rasgar de desespero,
num abrupto soluçar.

Poemas são agora estrabismo da língua,
reflexos do incompreensível,
veículo do vácuo intelectual
que o ontem tem no hoje que prossegue imperioso.

Onde residirei eu mesmo
se já nem compreendo quem fui?
Quem serei eu a não ser este ponto
temporal e espacial que me define fragilmente? (Ups, já sou outro)

Eu sou de mim mesmo, sempre!
Sempre o fui e sempre o serei!
No presente tenho todas as respostas.
Sou eu, somente eu.

És do tamanho do mundo.
Ou melhor, és do tamanho
da tua perceção do mundo.

Só quando abraçares a tua imensidão
e a liberdade que te é intrínseca
serás feliz.