Portugal vive hoje um período de grande imprevisibilidade política. Mesmo após a indigitação de Pedro Passos Coelho como Primeiro Ministro pelo Presidente da República, permanece incerto o futuro do país, já que é altamente provável que esse governo não tenha apoio parlamentar maioritário.
A última legislatura foi marcada por uma profunda crise económica e pela intervenção da troika. Após 4 anos de forte contestação social, a coligação PSD-CDS (Portugal à Frente) foi a força política mais votada nas passadas eleições legislativas. No entanto, a perda da maioria absoluta traduziu-se num quadro político novo, em que PS, BE e CDU reúnem a maioria parlamentar. Como tal, o período pós-eleitoral tem-se caracterizado por inúmeras reuniões entre as diferentes forças políticas com assento parlamentar, por forma a gerar um entendimento possível: PS com a coligação PSD-CDS, e PS com BE e CDU.
Tradicionalmente o partido/coligação vencedora nas eleições forma governo. No caso de não haver maioria absoluta, é através de acordos de incidência parlamentar que a estabilidade governativa é assegurada. Contudo, após diversas reuniões, não é certo quem irá formar um governo duradouro, uma vez que a coligação mais votada poderá não ter o apoio na Assembleia da República necessário para governar. Por outro lado, surgiu a possibilidade nunca antes colocada de um entendimento entre a esquerda parlamentar que, a concretizar-se, teria maioria parlamentar
A divisão esquerda/direita está na ordem do dia. Como tal, esta iminente bipolarização da política portuguesa levanta diversas questões: terá a coligação Portugal à Frente condições para governar? Ou conseguirá a esquerda assegurar uma alternativa governativa estável? Existirão condições para que os 4 anos de legislatura sejam cumpridos? Ou teremos, necessariamente, eleições antecipadas?
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