José Miguel Loureiro

“Vulnerável bola de cristal
Guardada no íntimo de um ser,
Que acredita cegamente no teu regresso (…)

Sentimento que aproxima
Ou repreende sem razão…
Mas será vergonha ou cobardia?

Querer mais e não querer nada
Com medo do que poderá vir…
Mas será vergonha ou cobardia?

Tento navegar,
Embora receosamente,
Nas ondas da luz que alimenta,
Que revela carinhosamente
Memórias do que foi vivido.

Sem querer pensar,
Para que a lágrima não seja derramada
E que um pesadelo não seja acordado,
Deparo-me, mesmo que não deseje,
Com aquele rosto,
Que foi e não sei se voltará…

Pode ser alguém…
Ou talvez não…
Mas certamente ficará para sempre
Como numa pedra grafismos gravados.
E posso afirmá-lo
Porque tenho o que ninguém me pode tirar,
Embora alguém o possa quebrar.

Vulnerável bola de cristal
Guardada no íntimo de um ser,
Que acredita cegamente no teu regresso,
Como se já tivesse sido profetizado.

Até lá, resta-me a simples condição humana
De reviver cada dia que germinou,
Naquilo que nunca ninguém esperou,
Mas que num sentimento a eternidade guardou!