Alice Santos

“Urge dar-te a mão!
Libertar-te de vez!
Erguer-te do marasmo!

Abril chegou!
Trazia nas mãos cansadas
Gastas, enrugadas
O riso de criança
A esperança de um país inteiro,
A fome de futuro de um povo sofrido.

No cano da espingarda,
Erguida ao céu,
Pelos dedos do soldado,
Floriram cravos,
E um novo hino à liberdade nasceu.

Abril parou!

Aquela madrugada
Perdeu-se nos dias,
A trova do vento
Deixou de trazer boas notícias,
O povo resigna-se,
Baixa os braços, desiste,
Vê o país a acontecer
Lentamente, muito lentamente
Ao lado de uma bandeira
De pernas para o ar.

Abril! Oh abril!
Da esperança!
Da liberdade!
Onde andas tu agora?!…
Onde te perdemos?!…
Onde te acorrentámos?!…

Urge dar-te a mão!
Libertar-te de vez!
Erguer-te do marasmo!

É urgente ser de novo ABRIL.