Anónimo

“Escrevo isto com alguma vontade de mudança, mas não suficiente por continuar a acreditar que esta figura permanecerá humana e que o t continuará minúsculo, quebrando o ciclo.”

Sinto que me repito porque escrevo novamente os meus sentimentos. Porque os repito, vezes e vezes sem conta num ciclo interminável que termina sempre no sofrimento. Não é todo ele dotado deste porque, caso fosse, certamente a agonia seria mais penosa e mais difícil de suportar. Contudo, ele surge na finitude e tudo culmina nele. Tudo culmina para um clímax penoso e que eu tendo e continuo, como se assim o meu destino tivesse de ser a aceitá-lo e a preferi-lo porque, bem sei, os prazeres momentâneos talvez tenham algo a dizer aqui. Prazeres esses que, enganem-se, são absolutamente espirituais e da alma. Da minha alma que deseja sempre que a figura de que tanto falo, tanto proclamo e por que tanto me apaixono se afigure a algo humano, esse Tu. Essa letra que se torna maiúscula na finitude e que vai progressivamente sendo mais minúscula à medida que o humano surge e se tenta encaixar e tornar sua essa forma por que sempre me apaixono. Talvez seja esta minha dificuldade em reduzir ao real o que deve ser real. Talvez seja esta minha dificuldade em encurtar as distâncias. Dificuldade em descomplexar. Dificuldade a amar. Dificuldade em tornar isto terreno por, por algum motivo inexplicável, preferir o platónico e o que é sempre idealizável. Não sei se vivo para utopias, mas talvez o faça acabando por balançar nesta corda irreal que existe na alma e que, por momentos, como uma ilusão, me deixa acreditar que esta é a mais pura das verdades. Escrevo isto com alguma vontade de mudança, mas não suficiente por continuar a acreditar que esta figura permanecerá humana e que o t continuará minúsculo, quebrando o ciclo.