A evolução que a Medicina sofreu recentemente foi rápida e profunda. No último século, nas últimas décadas, a transformação foi radical, com repercussões óbvias no cuidado dos doentes, nas soluções e nos resultados, com um crescimento significativo na esperança média de vida.
Os avanços tecnológicos vieram acrescer também a esta mudança, alterando drasticamente o exercício da medicina, cada vez mais personalizada e adaptada às exigências de uma sociedade mais capacitada nas decisões sobre a saúde.
Mas esta evolução não carece de perdas, de preocupações e de ensinamentos para o futuro. O envelhecimento da população, a incerteza quanto à sustentabilidade dos serviços de saúde, a necessidade de um cuidado mais humano e próximo das pessoas e menos robótico ou tecnológico são alguns dos temas levantados. Além disso, existe a preocupação que a medicina, seduzida pela tecnologia e avanços científicos, se esqueça da essência do cuidar, do papel de cuidador da pessoa, individual e em sofrimento.
Tudo isto é abordado neste ensaio, escrito por um dos médicos e personalidades mais ilustres do nosso país. João Lobo Antunes foi um neurocirurgião português, formado e depois professor catedrático na Universidade de Lisboa. Membro do conselho de Estado entre 2011 e 2016, foi também o recetor, entre muitos outros prémios, do prémio Pessoa, em 1996, a Medalha de Honra da European Association of Neurosurgical Societies, em 2007, e foi condecorado com Grã-Cruz da Ordem do Infante D.Henrique (2004) e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (2016). Morreu a 27 de Outubro de 2016.

Esta obra pertence à Coleção Humanista do Quórum – Fórum Político e encontra-se exposta para consulta na Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.